Reflexo de Deus na Terra
Qual seria o impacto do reflexo de Deus na terra?
Similar ao impacto da luz nas trevas.
Cria separação.
Não por soberba mas por consequência do contraste. (Jo 1:5)
O que ocorre então quando o Santo pisa na terra?
Qual o efeito na matéria quando o espiritual se mistura com ela?
Por sorte, temos relatos suficientes que destacam as consequências desses eventos para que não precisemos especular.
Quando Deus tocou a sarça de tal forma que o fogo não a queimava, iniciou o contato com Moisés impedindo-o de aproximar-se dela.
E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.
E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.
(Ex 3:4-5)
Outra vez desceu no topo do monte Sinai, com toda sua glória. O monte fumegava e nem mesmo os animais poderiam tocar o pé do monte.
E, descendo o Senhor sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, chamou o Senhor a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu.
E disse o Senhor a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o termo para ver o Senhor, para que muitos deles não pereçam.
(Ex 19:20-21)
Por fim, decidiu habitar sob a tampa de uma arca (o propiciatório) que era rodeado de querubins.
E, quando Moisés entrava na tenda da congregação para falar com ele, então ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório, que estava sobre a arca do testemunho entre os dois querubins; assim com ele falava.
(Nm 7:89)
Podemos presumir que o afastar de Deus não é fruto de arrogância, pois Ele só se manifesta na terra, justamente para que possamos estar próximos.
Vemos Deus aconselhando Arão, o sumo sacerdote, que não se apresente frequentemente diante da arca para que não morresse.
Disse, pois, o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório.
(Lv 16:2)
Todas as manifestações na terra tiveram o objetivo de proximidade do homem, enquanto todos os limites de distância foram por segurança do próprio homem.
É como se o fogo pedisse que a lenha não chegasse muito perto, ou como se o oceano se isolasse de um fósforo.
As consequências naturais e instantâneas desses elementos entrando em contato são óbvias por que são conhecidas.
Mas nós não conhecemos o santo, e nem temos contato com ele o que causa estranheza e faz-nos perguntar por que não podemos nos achegar? (Nm 16)
Desde o Éden, todas as vezes que Deus se materializou na terra, criou graus de distânciamento com o homem (pós pecado):
O mesmo padrão se repete quando Deus desce no Monte Sinai:
Deus de maneira muito consistente cria 3 (ou 4) graus de distânciamento, que fica mais evidente quando seu povo constrói o tabernáculo no deserto:
Lugar | Éden | Sinai | Tabernáculo |
---|---|---|---|
(1) Santíssimo | Gn 2:9 | Ex 19:20 | Ex 25:21-22 |
(2) Santo | Ex 19:21-24 | ||
(3) Pátio | Ex 19:17 | ||
Direção Porta | Gn 2:8; Gn 3:24 | Ex 27:13 | |
Proximidade | Gn 3:8 Deus andava no jardim. | Ex 19:5-6 Deus quer todos sacerdotes. | Ex 25:8-9 Deus habitaria com o povo. |
E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. (Ex 25:8)
Habitar com o homem é projeto de Deus.
E é reflexo das coisas do alto. (Hb 8:5)
Ainda que o fósforo amasse o oceano, não convém que ele se achegue. Suas naturezas distintas se anulam e o mais forte prevalece.
Se o oceano o odiasse, ele o incentivaria, pois assim aniquilaria algo que se opõe a Sua própria natureza.
Mas antes, por amor, poupa o fósforo em sua ignorância.
Igualmente, nem Moisés, nem Arão, nem homem algum pôde ultrapassar os limites estabelecidos por Deus.
Nunca foi uma questão de hierarquia, mas sim, amor.
Sabemos ainda que homem nenhum pode tomar essa honra pra si. (Hb 5)
Somos privilegiados por termos recebido a glória de Deus por um breve período de tempo cerca de 2000 anos atrás.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
(Jo 1:14)
Que faremos então? Aguardaremos ansiosamente o tocar da trombeta para que possamos ser glorificados, sendo revestidos do incorruptível para que possamos estar eternamente com o Senhor. Mas desta vez sem templo, pois Deus e o cordeiro serão nosso templo. (Ap 21:22)